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quarta-feira, 8 de setembro de 2010

HARAKIRI

Ele estava deitado á algumas horas, mas desejava poder contar alguns dias naquela posição.
Estava com dúvidas, perguntava-se constantemente se o que pensava era certo, se seus motivos eram suficientes para permitir que se desse o luxo de imaginar e nos momentos de profunda sinceridade...desejar.
Ele gostava dela, ela? Sua namorada, mas de uns tempos para “lá”, já não sentia a mesma coisa e se era a mesma coisa, era apenas um sentimento familiar, e isso o incomodava muito.
Sentia-se deprimido, queria no fundo apenas ter certeza de que gostava muito dela, e apesar de saber de tudo isso e saber também que perdê-la o mataria, ele não parecia ter muitas escolhas.
De repente ele passara a pensar em outras garotas, não por querer traí-la, isso seria impensável, mas, por uma incrível e inexplicável solidão. Uma solidão tão profunda que nem a certeza do amor de alguém sempre disponível acalmava. Quando pensava em deixá-la iludia-se, pensando nas novas oportunidades, sua solidão era assim, a sensação ou impressão de começar novamente, se afogar na esperança de um amor eterno imerso na dúvida do amor recém colhido o fazia pensar em ir embora.
Será que isso é normal, pensava. Ser uma pessoa que deseja mais do que tudo ficar com alguém para sempre, mas simplesmente fazer isso porque a melhor parte do amor é a dúvida do amor?
A responsabilidade que é vinculada ao sentimento de alguém por ele o fazia sentir-se enjoado.
Pensava que as oportunidades descentes haviam acabado, pensava que os adultos eram tristes, por que aparantemente ninguém se apaixona após os vinte, e essa sensação ele queria ter para sempre, lembrar do frio na barriga diante a chance de rejeição, os ouvidos tapados e o suor nas têmporas que profetizavam o beijo, era isso que ele temia perder, e era esse tipo de amor que o fazia feliz.
A capacidade que o homem tem de ficar horas pensando nela, pensando em como seria o mundo com ela mais perto e era essa a identidade que ele temia perder...
Confuso?

(Victor Marin)

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