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sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Tive, sim

Tive, sim
Outro grande amor antes do teu
Tive, sim
O que ela sonhava eram meus sonhos e assim
Íamos vivendo em paz
Nosso lar, em nosso lar sempre houve alegria
E eu vivia tão contente
Como contente ao teu lado estou
Tive, sim
Mas comparar com teu amor seria o fim
Eu vou calar
Pois não pretendo amor te magoar.

(Cartola)

domingo, 11 de novembro de 2012

Preceito Ignóbil

Pragmático, realista, simplesmente racionalista, à visão da humanidade pela humanidade...

Conceitos básicos e simples da realidade. Sempre busco a premissa verdadeira e analítica da vida.

Onde me perco? No conceito ilógico da sociedade de "interpretar". A interpretação sociológica da vida humana, essas interpretações transcendentais, que não passam de invenções de morais para coordenar e controlar a existência da vida! Baseia-se em uma ânsia feroz, pelas respostas! Respostas de tudo sobre tudo para definir o nada.

Fugindo do existencialismo social, contendo-se nas precauções pessoais, deparo-me com o velho dilema individual...

Vejo-me, e me reconheço, como um duplo, um sósia, uma realidade fugaz, de um novo universo. Estendo o braço, tento tocar, em poucos instantes me desfaço em fumaça, uma nevoa se expande penetrando o meu eu...

Sou um em várias realidades e nenhuma certeza... Apenas um tolo! 

(Crimson)

domingo, 28 de outubro de 2012

Remédio

Vejo suas fotos de madrugada para acalmar meu espírito
E ter ao menos alguns instantes de paz, para, quem sabe...
Poder dormir finalmente, sem todos os tormentos do cotidiano.

(Crimson)

sábado, 27 de outubro de 2012

O Encontro

Os olhares se cruzaram... Na imensidão de imagens, de pessoas e visões.
Os olhares se cruzaram, aparentemente um ato fugaz, simples e rápido.
Os olhares se cruzaram, vasculhado o consciente, procurando os motivos.
Os olhares se cruzaram e se distraíram poucos instantes, uma conversa visual.
Os olhares se cruzaram, conversando assuntos infinitos, sorrisos, lagrimas.
Os olhares se cruzaram, e voltaram a se cruzar... E voltaram, voltaram...
Ah! Os olhares se cruzaram, à beleza, o brilho ardente, pulsante.
Cruzaram-se os olhares, buscando não sei o que, apenas a satisfação de se olharem.
Que olhos! Enfezados, rasgados, inebriados, estonteados...
Na lembrança eterna daquele momento, uma paixão latejante descarrega pesada, furiosa, vitoriosa.
Nunca me esquecerei daqueles olhos...
Agora os meus olhos, o meu vislumbre, a minha convicção.
O reencontro dos olhares, este é o real motivo para que os meus olhos voltem a se abrir e sorrir...

(Crimson)


segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Dança no Escuro

Ele faz meu vestido deslizar
Sinto seus braços colhendo meu corpo e o pousando com carinho no lençol champanhe.
Sua barba roça em minhas coxas,
Seus olhos me devoram, seu sorriso de malícia...
Sexo tenso,
Movimentos ríspidos,
Prazer lancinante,
Face vermelha,
Pernas vibrando...
Explosão! Gritos!
Corpos desfalecidos.
Ele só dança no escuro,
Na horizontal...
Em cima de mim.


(Carolina Pinheiro Lomba)

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Onde Está?

Às nuvens negras rebuscadas
Por um vermelho pálido e poluído
Distingui-se no frio profundo da noite
É nesse momento que a encontro...
Na reflexão de um cigarro aceso
Percebo o quão distante estou 
De te encontrar
Como Milton e ao que vai nascer
Corro até encontrar...
E o trem doido, me leva 
Sobre trilhos sujos e petrificados
Sob o cheiro de fumaça, com angústia!
Na madrugada, te vejo 
E ao longe, sempre longe
Onde te encontrar, quando te encontrar?
Onde está?
Os ratos estão a me guiar...
Onde está?

(Crimson)

terça-feira, 10 de julho de 2012

O Ciclo


Na selva escura de concreto, concretizo a liberdade institucional, permitida em celas morais de casas, ruas, esquinas e praças... E perpetuo com veracidade e barbárie à superioridade da maior espécie local, desfrutando de todas as iguarias dignificadas a mim. Como, bebo, durmo, caço, destruo, esfolo, vejo, tusso, engulo e apodreço... Sozinho, divido as atenções com os trapos restantes e mais uma vez, surge o amanhecer...


(Crimson)

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Reflexões de um Velho Preguiçoso

Com 56 anos o mundo lhe parecia igual ao que sempre fora, surpreendentemente igual!

- As coisa são tão diferentes quando somos jovens meu rapaz, quando tiver minha idade vai sentir a diferença... Ouvia sempre seu avô dizer isso, mas agora com cinquenta e tantos (E mais velho que seu avô quando se pronunciava), não consegue ver tais diferenças, físicas sim, mas internas não, ainda tem os mesmos devaneios, às mesmas ilusões e às mesmas soluções para tudo!


- Será que de velho não aprendi nada ou fui um jovem muito velho?


O pior que de fato nada mudara, os amigos, os que ainda são próximos e vivos, continuam como sempre foram, tolos, chatos, canalhas, hilários, arrogantes, ingênuos, inteligentes, tontos, amantes, frouxos e sobre tudo, preguiçosos! Claro, nenhum igual ele, o rei da preguiça, assim sua mãe o condecorou!


Preguiçosos! Melhor definição para à sua geração. – Já posso pensar assim afinal estou velho! À minha geração, à minha geração!!

- Ninguém, da merda, da minha geração foi grande coisa. E isso não se limita a sua turma não, ninguém foi um John Lennon, Bob Dylan, Che Guevara, Vinicius de Morais, Stanley Kubrick, Peter Fonda, Björk, Chico Buarque, Malcon X, John Travolta, Gandhi, Beyoncé, Axl Rose... 

- Nem se quer um Axl Rose conseguiram ser!


(Crimson)

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Gênese

No horizonte, montanhas pontiagudas
Frias, destemidas e aterrorizantes

Descendo à encosta íngreme e congelada
Em curvas tortas e acidentadas
Devasta as planícies suntuosas e encharcadas
Com florestas fechadas e assombradas
Por gerações passadas e desesperadas

Chega à savana castigada
Por monstros urbanizados
Sobe o planalto seco com cidades esquecidas
Encontra-se tumbas mórbidas
De homens enfurecidos pelo legado perdido
Em gerações despreocupadas com os tesouros antigos

O vento leva angústias e gemidos
Por estepes lameadas e estéreis
Atravessa os pântanos de rios negros e gelados
Desaguando em um oceano profundo e moribundo
Onde seres digladiam-se por comida e luz
De um sol distante e opaco em nuvens cinza e tempestuosas

O dia termina com o início fúnebre em furações de fogo e gelo
Destruindo as lembranças vagas de uma senhora outrora soberana,
Seu nome só Mnemósine guardará em suas entranhas!

Mas, algum dia um grito surgirá e aludir irá...

Beltia, Brígida, Cipactli, Danu, Eva, Isis, Kali, Nerthus, Soveregnty, Tellus Mater, Tiamat, Tlazolteotl, Ukemochi... Gaia, À Mãe Profana!


(Crimson) 

quarta-feira, 23 de maio de 2012

Contos de um Morto Mudo

Parte 1

O rato apareceu por baixo da porta, caminhando rápido em passos tortos, ziguezagueando e farejando furtivamente, os rastros deixados formavam semicírculos no assoalho. Parou próximo aos dedos da mão direita, onde o corte foi menor! Com uma agilidade digna de um roedor, arrancou um teco de carne...

Quando abriu os olhos a primeira imagem que viu foi seu corpo estendido no chão, por um momento espantou-se ao perceber que não sentia nada com a cena mórbida. Começou então, a recapitular todo ocorrido.

Já havia planejado várias e várias vezes, mas à covardia o impedia sempre... Porém, dessa vez não renunciaria. Preceitos, religiosos e sociais não poderiam detê-lo. Sabia muito bem que era o certo a fazer. Anos e anos de antidepressivos, dores contínuas, à completa tristeza que sempre o perseguira, finalmente botaria um fim em tudo!

Com o corte profundo no braço esquerdo, tentou em vão concluir o “homicídio” arremessando com o resto de forças restante o punhal no outro braço, cortou a mão e caiu tonto, esperou sem gritar, e nem ao menos grunhir, observou o sangue escorrer pelos cortes até o frio e sono o vencer e adormeceu...

Ao acordar, o corpo estendido à sua frente, descobriu que realmente existe algo no outro lado, não viu luz nem túnel, absolutamente, nada! Apenas acordou e observou até a ultima gota esvair do seu corpo, ao menos parecia última!

Tomado por uma felicidade incomum, percebeu que estava livre! Livre para fazer o que quiser, um morto tem muitas possibilidades, a primeira que lhe veio em mente, foi testar todas às habilidades que só um fantasma era capaz! Por que não voar, teletransportar-se para outra cidade...

Aterrorizar! Sim assustar, começou fazer uma lista rápida de inimigos e idiotas que sem duvida iriam pagar pelas suas injurias e desrespeito. O vizinho barulhento, a velha folgada do 206, à vagabunda da sua ex e o amante dela, seu chefe miserável e o cachorro da rua de traz... Mesmo morando no terceiro andar, o desgraçado do animal tem o dom de lhe acordar sempre às 4h, sempre às 4h!

Como um menino animado ao receber o seu novo brinquedo, levantou com agilidade e destreza de um campeão, agora ninguém o zombaria, ele era o campeão!

A primeira experiência seria sem dúvida atravessar às paredes, à praticidade espiritual deve ser explorada com paixão e determinação! Nenhum segredo será guardado, todas às portas abertas. Poderia frequentar todos os ambientes onde sempre sonhou! Sem regras e limites!

Caminhou suavemente pelo piso ensanguentado, fechou os olhos e partiu com um único impulso...

Bow! A dor foi mais forte do que os cortes que por sinal ainda ardiam! Forte o bastante que o cegaram momentaneamente, aturdido e confuso, tentou mais uma vez, com menos impulso! E descobriu que o destino humano pode ser mais infeliz do que imaginava!

Realmente, dois corpos, não ocupam o mesmo espaço, seja material ou espiritual! Já que não conseguia atravessar às paredes, recorreu ao recurso mortal... Ao virar a maçaneta descobriu que sua força não é suficiente nem para mover o ar e espantar uma mosca!

“Porra de pós-vida! Agora sou um fodido que nem se quer posso fuçar a geladeira dos outros...”.

(Crimson)

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Flashes

O gosto doce invade a garganta
O cheiro floral parece penetrar suavemente
Invadindo o cérebro e tomando conta de todo o consciente

Lembranças vagas
Aparecem como flashes reluzentes e incertos.
Na madrugada, revejo sensações das quais nem sempre passei!

Um som baixo melancólico, sempre faz à trilha cinza e fria,
Em um fundo branco. Na memória distante como fotos velhas e desbotadas
O tempo para, às lembranças confusas, os personagens se transformam...

Não sou eu, é outro, mas às sensações são minhas...
Sou eu em corpo de outro, e ela!
Continua linda... Linda, mas diferente.

A idealização perturbante...
De quem são às memórias?
Minhas ou de outro?

De outro eu, um eu que nunca existiu!
E ela será que existiu? Sim, o gosto doce é real!
O cheiro... Traz-me à pele suave e macia. Sinto por todo corpo!

E o som baixo finalmente para...
Lembranças desgastadas fogem com o tempo
E o que me resta?

O silêncio vazio...


(Crimson)

terça-feira, 17 de abril de 2012

Cada Vez


Cada vez que acordo
Para nada encontrar
Do sonho que era ter o teu calor
Pela manhã
Me joga longe um novo dia.

E os dias passam lentos
Cada movimento custa
Ter que me lembrar de te esquecer
Cada manhã

Na verdade eu sou alguém
que custa muito a aprender
E eu tenho que acordar toda manhã
E eu tenho que acordar ...

Like a songbird at my window so free
You were no one else but me 

Like the shadow over my shoulder you see
You are no one else but me.

Na verdade me parece
Que eu não vou nunca aprender,
E eu tenho a vida inteira pra tentar.

(Vimana)

quarta-feira, 11 de abril de 2012

O Último

Todos ouviram
Um zumbido
Um giro
Um tiro

Todos sentiram
Um grunhido
Um estampido
Um suspiro

Todos olharam
Um risco
Um arco
Um brilho

Todos procuraram
Sigilo
Auxilio
Concilio

Todos sabiam
Corriam
Tremiam
Sorriam

Mas, nem todos fugiam...

Ele ficou com coragem
Parou com honra
Mijou com medo
Sonhou com ignorância
Caiu com martinitude

E sumiu com o tempo! 

(Crimson)

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Sacerdotes

A marca era vagabunda, mas o que importava era o torpor
O momento exato do desligar da mente, do mundo...
De um universo irreal disfarçado de existencial
In loco, mas completamente ausente

O efeito atordoante modela um comportamento elegante
De poder e controle, como um sábio ancião
Transborda conhecimento pelas conversas soltas e sofisticadas

Um artista da oratória, um conquistador da retórica e persuasão
Tendo em sua eloquência à compreensão de todos...
Mesmo com uma subjetiva plateia
Criada por ele ou por um comum interesse transcendental

As mentes enevoadas concluem-se simultaneamente
Poderosos profetas, juízes e filósofos
Construtores de ideologias sociais

Com interesses mundanos pessoais
Conservam uma exuberância imoral 
Com experiência surreal
De bares matinais.

(Crimson)

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

A Teia


Contorcia-se para todos os lados, não havia saída, quanto mais se mexia, mais se enrolava, às teias eram como aço, sabia que era seu fim então parou por um instante. 

Envolto até o pescoço, o ar rareara começou a se lembrar de como tudo ocorrera...

Sempre fora importante, todos o queriam por perto era chamado para qualquer ocasião, bem sucedido com as mulheres e com os engravatados, um sorriso enigmático e perspicaz o acompanhava, com respostas na ponta da língua, resolvia todos os problemas, dos contratos arriscados da firma até o cano quebrado de sua casa! Confiante, esperto, elegante e engraçado...

Na verdade nunca precisou se preocupar com mais de duas questões: quando e onde? O resto era por sua conta! À vida perfeita, o mundo perfeito...

Mas naquele dia o grande enigma o encontrou, desafiando-o e derrotando-o, o mais intrigante era que sabia que tinha a resposta, à justa resposta que lhe apunhalou.

O problema não era sentimental, aliás, essa era sua grande arma, pois nunca tivera sentimentos reais, todos meticulosamente controlados e adestrados. O grande problema era existencial o que dificultava tudo, pois de sua essência nunca desconfiara, sempre acreditou saber exatamente quem era e por que era!

Porém, para seguir tinha uma escolha e no mais simples dos caminhos encontrou o abismo profundo.

Encantou-se por uma felicidade espontânea, imoral e deliciosamente real!

Percebeu que tudo em que acreditava era tão minúsculo que mãos fortes e confiantes não conseguiam segurar uma vida tão frágil.

Finalmente soube que o que importava era seu novo vício, sua riqueza, o tesouro conhecido como LIBERDADE! O problema que isso, não se compra, não se troca nem se ganha com lábia, proezas físicas, intelectuais ou sociais!

Descobriu fatalmente que se conquista em breves e simples momentos e se vai como uma brisa leve e refrescante sem pistas de onde e como encontrá-la.

Olhos melancólicos, mas como nunca, vivos, atentos e por que não esperançosos com esses olhos finalmente descobriu como tudo ocorrerá! E com o ultimo olhar desanuviado enxergou o novo mundo e às teias finalmente o cobriu por completo...

(Crimson)

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Serena



Às nuvens bem que tentaram
Mas apenas um filete de luz foi o suficiente
Para rasgar o céu e mostrar derradeira...
Como asas de um anjo, ela se fez esplendida.

Limpando e curando às ranhuras do tempo
O incerto e novo se fez

Não mais havia dor, nem medo...
Tudo era calmo, simples e completo.
Por cinco minutos e não mais...
Todos puderam sorrir

Até mesmo o amargo e incrédulo...
Sim, inclusive eu!  



(Crimson)