Pesquisar este blog

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Mulato Calado

Vocês estão vendo
aquele mulato calado
com o violão do lado
já matou um, já matou um
numa noite de sexta-feira
defendendo a sua companheira
a polícia procura o matador
mas em Mangueira
não existe delator
me dou com ele
é o Zé da Conceição
o outro atirou primeiro
não houve traição
quando a lua surgiu
terminada a batucada
jazia um corpo no chão
mas ninguém sabe de nada


(Wilson Batista)

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Metal Contra as Nuvens

I

Não sou escravo de ninguém
Ninguém senhor do meu domínio
Sei o que devo defender
E, por valor eu tenho
E temo o que agora se desfaz

Viajamos sete léguas
Por entre abismos e florestas
Por Deus nunca me vi tão só
É a própria fé o que destrói
Estes são dias desleais.

Sou metal, raio, relâmpago e trovão
Sou metal, eu sou o ouro em seu brasão
Sou metal, me sabe o sopro do dragão.

Reconheço meu pesar
Quando tudo é traição,
O que venho encontrar
É a virtude em outras mãos.

Minha terra é a terra que é minha
E sempre será
Minha terra tem a lua, tem estrelas
E sempre terá.

II

Quase acreditei na tua promessa
E o que vejo é fome e destruição
Perdi a minha sela e a minha espada
Perdi o meu castelo e minha princesa.

Quase acreditei, quase acreditei

E, por honra, se existir verdade
Existem os tolos e existe o ladrão
E há quem se alimente do que é roubo.
Vou guardar o meu tesouro
Caso você esteja mentindo.

Olha o sopro do dragão...

III

É a verdade o que assombra
O descaso que condena,
A estupidez o que destrói

Eu vejo tudo que se foi
E que não existe mais
Tenho os sentidos já dormentes,
O corpo quer, a alma entende.

Esta é a terra-de-ninguém
Sei que devo resistir
Eu quero a espada em minhas mãos.

Sou metal, raio, relâmpago e trovão
Sou metal, eu sou o ouro em seu brasão
Sou metal, me sabe o sopro do dragão.

Não me entrego sem lutar
- Tenho ainda coração
Não aprendi a me render
Que caia o inimigo então.

IV

- Tudo passa, tudo passará...

E nossa história não estará pelo avesso
Assim, sem final feliz.
Teremos coisas bonitas pra contar.

E até lá, vamos viver
Temos muito ainda por fazer
Não olhe pra trás
- Apenas começamos.
O mundo começa agora
- Apenas começamos.


(Legião Urbana)

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

A Nova Luz

Em meio a parques, sorvetes, bexigas, risadas e crianças, fim de semana ensolarado na cidade do Carmo com a família...
A zona leste de São Paulo me parecia o melhor dos mundos.
Tempo em que eu fitava o semblante de meu pai (quase sempre sério!).
Épocas de alegrias pequenas, vida pequena, onde até o cachorro da casa era personagem principal...
Hoje em dia em vão me tento explicar, as janelas são surdas!
Enquanto no jardim de casa um sapo canta desafinado...
Uma canção triste e solitária.
Depois do fenecimento de tantas ilusões, meus olhos foram perdendo a luz natural que tinham, como uma barreia defensiva do próprio corpo!
E depois de tanto tempo, vejo que o uso de apetrechos, tecnologias humanas são completamente inúteis para tentar se curar.
Essa cura não pertence ao mundo humano, e sim a uma cosmologia maior, uma transmutação que tarda em vir... Um peito que incha, uma nova luz que bate sobre o corpo.


(Felipe Pöe)

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

O Grito

Acordou, vislumbrou uma luz fraca que mesmo assim lhe queimava os olhos, logo se acostumou e percebeu que olhava para o céu infinito da noite, à luz era da lua, cheia e gigantesca, levantou o suficiente para sentar-se, estava à beira de um precipício.

Olhando ao redor, tentou lembrar o que havia ocorrido, descobriu, por acaso, que nem sabia onde estava, nem como chegou ali e pior, não sabia quem era! Fechou os olhos e tentou se lembrar ao mesmo tempo em que tentou se equilibrar em pernas doloridas de quem havia levado uma surra.

“Quem sou eu?” Pergunta pertinente de quem acorda com três moedas no bolso, de sapato, calça e camisa social em meio a uma vastidão campestre a beira de um precipício e com uma repentina dor de cabeça! “QUEM SOU EU?”

Três palavras que ecoaram pela noite, três palavras que juntas representavam muito mais do que uma interrogação casual ou espontânea de quem acorda atordoado e confuso de um pesadelo. Essas três palavras representam a certeza de que a vida, mesmo que nem se lembre qual, nunca mais será a mesma... Um grito para o mundo de quem acabara de nascer que buscava um nome, um título, uma alcunha nesse novo mundo que sabia, iria desbravar.

Mas no momento, seu estomago dizia para sair dali, e para onde? Bem, as luzes distantes indicavam uma vida urbana, da qual provavelmente seu passado pertencia, e chegou à hora de regressar. Como um guerreiro que volta da batalha, ergueu a cabeça e rumou para a cidade, passo a passo, morro a baixo, as lembranças invadiram sua mente, agora sabia quem era...

Sim, agora sabia quem era o grande herói dessa diáspora! Chamava-se João do Nascimento! Visionário e funcionário público.

(Crimson)

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Anetodas

Sou responsável por tudo na minha vida, sendo assim não tenho direito de reclamar dos meus males, dos meus infortúnios e principalmente das minhas loucuras pessoais!

Mas quero deixar bem claro! Que meus interesses são sobre tudo, pessoais!
Sou socialista por opção, penso de forma comunista e solidária, mas não nego que sou egoísta e muitas vezes filha da puta!

Eu sinto como poucos, talvez infantil e ingênuo, porém, sobre tudo, romântico!
Sim, Romântico! Com todas as peripécias que isso pode me causar... Idealista, louco, pateta e possessivo! Tentei de todas as formas mudar meu jeito de ser!
Já fui frio e ainda sou em muitas ocasiões, cientificamente calculista!

Busquei com todas as minhas idolatrias padrões que definissem meus ideais, mas no fim não passo de um pseudo estereotipado, sábio para alguns, imbecil para a maioria e sobre tudo, idiota para eu mesmo!

Mas o que fazer? É assim, assim sempre foi e será, amo acima de tudo. Sinto! Sinto e necessito sentir, eu não seria eu, se não sentisse como sempre sinto! O problema é exatamente esse, eu sou viciado em sentir e nesse exato momento me ocorre que não mais sinto!

E por mais que busque referências. Pessoas, lugares, lembranças (essas sim, vêem como furacões, esmagando todas as minhas estruturas e precauções), eu me satisfaço temporariamente... Repentinamente! Busco nas lembranças sensações que nem sei se cheguei a ter, o problema é que não me renovo, e por mais que busque, estou ficando velho, e como um amigo havia me dito...

“Apaixonamos-nos até os vinte anos”

Depois... Depois, não sei como conseguir, não sei como me alimentar, não sei como seguir! Busco constantemente por novas sensações, mas como disse estou ficando velho! E sinto que minhas paixões se foram e nas lembranças profundas do meu ser, não consigo resgatar nada além de melancolias e saudades!

Sinto falta, e nem sei expressar o quanto...

(Crimson)