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quarta-feira, 14 de setembro de 2011

O Grito

Acordou, vislumbrou uma luz fraca que mesmo assim lhe queimava os olhos, logo se acostumou e percebeu que olhava para o céu infinito da noite, à luz era da lua, cheia e gigantesca, levantou o suficiente para sentar-se, estava à beira de um precipício.

Olhando ao redor, tentou lembrar o que havia ocorrido, descobriu, por acaso, que nem sabia onde estava, nem como chegou ali e pior, não sabia quem era! Fechou os olhos e tentou se lembrar ao mesmo tempo em que tentou se equilibrar em pernas doloridas de quem havia levado uma surra.

“Quem sou eu?” Pergunta pertinente de quem acorda com três moedas no bolso, de sapato, calça e camisa social em meio a uma vastidão campestre a beira de um precipício e com uma repentina dor de cabeça! “QUEM SOU EU?”

Três palavras que ecoaram pela noite, três palavras que juntas representavam muito mais do que uma interrogação casual ou espontânea de quem acorda atordoado e confuso de um pesadelo. Essas três palavras representam a certeza de que a vida, mesmo que nem se lembre qual, nunca mais será a mesma... Um grito para o mundo de quem acabara de nascer que buscava um nome, um título, uma alcunha nesse novo mundo que sabia, iria desbravar.

Mas no momento, seu estomago dizia para sair dali, e para onde? Bem, as luzes distantes indicavam uma vida urbana, da qual provavelmente seu passado pertencia, e chegou à hora de regressar. Como um guerreiro que volta da batalha, ergueu a cabeça e rumou para a cidade, passo a passo, morro a baixo, as lembranças invadiram sua mente, agora sabia quem era...

Sim, agora sabia quem era o grande herói dessa diáspora! Chamava-se João do Nascimento! Visionário e funcionário público.

(Crimson)

2 comentários:

  1. "Como um guerreiro que volta da batalha, ergueu a cabeça e rumou para a cidade, passo a passo, morro a baixo, as lembranças invadiram sua mente, agora sabia quem era..."

    Essa não é uma luta que fazemos todos os dias?
    Bom conto!

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  2. De fato...todos os dias temos de nos lembrar de quem somos, para então nos perdermos de novo na correria do dia-a-dia, da realidade que nos surra as pernas e nos obriga a levantar de novo...e de novo...
    Gostei, cabeça!

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