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terça-feira, 8 de março de 2011

O Homem

O Homem correu... Apenas correu, largou o cigarro o jornal e saiu correndo, na tarde quente e insuportável de verão, poderia ser um frenesi momentâneo devido a um torpor anterior. Não sabia exatamente o porquê, só corria... Quase como Forrest Gump só que não contava histórias, na verdade nem uma simples piada! Não sabia nada, talvez por isso corresse.

Calçada à cima, rua a baixo, asfalto, ladrilhos... Já houvera tirado o paletó, alargara a gravata, suava... Corria, corria, CORRIA! Para onde? Para quê?

O desespero, o medo, a dor, a raiva, a angústia, já passara por tudo, só lhe restava o adormecimento das pernas a falta de ar aliado a uma sede insaciável... Mesmo assim corria!

Repentinamente, como que por magia... Sim, sua mente trabalhava. A escuridão em que lhe inebriava os pensamentos se desanuviava, ele podia enxergar como nunca, como um menino que vê algo tão inusitado e aguardado... Como o mar, como a primeira vez que o deslumbra, toda aquela imensidão. Era uma nova e surpreendente descoberta!

Seus pensamentos seus tormentos, tudo, exatamente tudo, estava explicado.

E como um trem que pelos trilhos tem seu destino traçado, ele tinha uma nova direção, rumou então para seu desígnio! Certo de que não há nada melhor, correto, sincero e inestimável a ser feito.

Quase sem forças, no âmbito de sua loucura, esclarecedora! Nos confins da cidade, lá estava o lugar! O momento derradeiro, no alto do morro a beira de um penhasco que daria em um rio, ele para! Olha ao redor aprecia pela primeira vez o entardecer, olha para baixo! As águas correntes, e então...

Ajoelha-se, deita-se de costas para o chão e adormece... 



(Crimson)

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